
Todos os projetos, independentemente da sua natureza e complexidade, têm como objetivo produzir um resultado, através da realização de um conjunto de atividades que, muitas vezes, são semelhantes entre projetos.
Ao longo dos anos, têm sido propostos standards para a gestão de projetos, que sistematizam as práticas e o conhecimento profissional nesta área. Deste modo, os gestores de projeto tiram proveito de um conjunto estruturado de conhecimento, que aplicam sistematicamente, focando-se apenas em ajustar às características únicas do projeto que estão a gerir.
A utilização de standards de gestão de projetos não só permite atingir maiores níveis de eficiência, qualidade e sucesso (uma vez que o conhecimento aplicado já foi utilizado e validado em vários projetos), mas também pode abrir portas para oportunidades globais e aumentar a credibilidade da organização, pois muitos standards são reconhecidos internacionalmente.
Quando falamos em standards, tendencialmente pensamos naqueles que são mais tradicionais e baseados em processos, tal como o PMBOK ou o Scrum, que definem um conjunto de atividades a executar para completar um projeto e atingir o sucesso, desde a sua iniciação ao encerramento. Contudo, é importante salientar que estas atividades requerem determinadas competências, que têm de ser demonstradas pelos gestores de projeto. É aqui que entram também os standards baseados em competências.

A distinção essencial: competências vs. processos
Em primeiro lugar, é essencial compreender as diferenças entre processos e competências:
- Um processo estabelece um conjunto de etapas e procedimentos a seguir em cada projeto.
- As competências definem as aptidões, conhecimentos, e experiências individuais necessários para liderar e gerir projetos com sucesso.
Os standards baseados em processos são importantes para garantir consistência, normalização e conformidade, mas tipicamente não abordam a componente humana na gestão de projetos. Por outro lado, os standards baseados em competências reconhecem que as pessoas desempenham um papel central nos projetos, e orientam os gestores de projeto no sentido de desenvolver as competências necessárias.
Apesar de não serem tão populares, os standards baseados em competências oferecem uma maior flexibilidade, pois podem ser aplicados em qualquer metodologia; projetos; ou áreas de atuação, adaptando a abordagem com base nas competências necessárias. Permitem também o desenvolvimento contínuo da equipa e dos seus membros, através da utilização de ferramentas como a matriz de competências.

Qual o melhor tipo de standard de gestão de projetos?
Não existe um tipo de standard melhor que o outro. Ambos têm a sua aplicação e utilidade – e até podem ser utilizados em conjunto.
Aliás, esta é uma questão que os nossos alunos do curso de especialização Agile Leadership (que promovemos em parceria com o Técnico+ e a APOGEP) nos colocam várias vezes: ao utilizar o standard IPMA ICB4 in an Agile World (a base deste curso, e que é baseado em competências), não estamos a entrar em “concorrência” com os standards do PMI que já seguimos na organização?
A nossa resposta é que, ao desenvolver as competências definidas em standards como os da IPMA, estamos a potenciar a aplicação dos processos de gestão de projetos definidos nos standards do PMI.

Como aplicar um standard de gestão de projetos baseado em competências?
Enquanto a aplicação de standards de gestão de projetos baseados em processos consiste em seguir conjuntos de regras, os standards baseados em competências focam-se em capacitar as pessoas para liderar e gerir projetos de forma eficaz.
Por isso, a resposta a perguntas como:
- Quem faz esta tarefa?
- Quando é que esta atividade é realizada?
- Quem implementa este entregável?
É…depende!
As competências são genéricas, e determinam o conjunto de conhecimentos e capacidades que são necessárias para dominar essa competência. Quem, como, e quando é que a competência deve ser aplicada, dependerá sempre do contexto em que o projeto se insere.
Assim, será sempre necessária uma análise crítica ao contexto da organização antes de decidir o modo como as competências são implementadas. Nunca esquecendo que os processos fornecem uma base sólida, mas o desenvolvimento de competências é crucial para garantir o sucesso de um projeto.